
Peça reestreia no Sesc Bom Retiro em temporada esgotada. Com interpretação, direção e dramaturgia de Clayton Nascimento, “Macacos” é um espetáculo sobre a estruturação do racismo e do apagamento das memórias e ancestralidades negras no Brasil. O enorme sucesso e a grande repercussão da peça que vem sendo encenada há dez anos fizeram com que o caso “Estado do Rio de Janeiro x Eduardo de Jesus” fosse reaberto pela Justiça. Clayton Nascimento é da turma 69 (2017) da EAD e tem Licenciatura em Educomunicação (turma 2019). Leia abaixo texto do diretor teatral Ruy Cortez.
Sexta (11/4) foi dia de rever este primor que é “Macacos”, espetáculo deslumbrante de Clayton Nascimento, que assina tanto a dramaturgia quanto a atuação da peça. Foi com este espetáculo que Clayton recebeu todos os prêmios de teatro do país. Muito forte assistir a esta peça um dia depois de ver Othon Bastos em cena. Não dá pra não pensar em uma série de aproximações e semelhanças entre a trajetória artística destes dois artistas. Que maravilha é o fenômeno desta peça e o poder da arte e do teatro que Clayton encarna. Que lindo este atravessamento inarredável que acontece do fenômeno teatral neste artista. Que muitos ainda possam ter a oportunidade de ver e ser atravessados por esta obra maravilhosa.
E que ainda mais especial e inesquecível foi estar na sessão onde estava presente no teatro a divina Terezinha Maria de Jesus. Muita emoção. Desde a morte de seu filho Eduardo, de apenas 10 anos, Terezinha vem se mobilizando por justiça mesmo diante de tamanha dor. O espetáculo, entre muitas lutas, trata da aguerrida batalha que Terezinha trava contra o absurdo e corrupto Estado brasileiro, que sentado sobre as infindas provas, nega-se ao seu devido papel de incriminar os policiais responsáveis por matar seu filho.
O espetáculo tem sessões até o dia 18 de maio no Sesc Bom Retiro. Se não conseguir ir, fique de olho para não perder a peça quando ela voltar em cartaz. Um espetáculo inesquecível, que marcou definitivamente a história do teatro brasileiro e do nosso país. E busque saber e se conscientizar e ajudar de alguma forma a luta de Terezinha por justiça. Um caso violentíssimo, uma ferida aberta e que precisa encontrar todas as reparações possíveis.
Crédito das fotos:
Matheus José Maria (1, 2, 3); Jennifer Monteiro (4, 5, 6)
Ficha técnica e artística:
Interpretação, Direção e Dramaturgia: Clayton Nascimento
Direção Técnica e Iluminação: Danielle Meireles
Direção de Movimento: Aninha Miranda Spier
Operação de Luz: Cyntia Monteiro/Lucio Bragança Junior
Participação Especial: Terezinha de Jesus
Produção: Cia do Sal | Alex Júnior
Distribuição: Cia do Sal
Tempo de duração: 180 minutos

Ruy Cortez é diretor e professor de teatro, formado em Artes Cênicas pela ECA, com habilitação em Direção Teatral (turma 1993). Também é mestre em Artes Cênicas pela ECA (2020-2024).