
O Mercador de Veneza, de William Shakespeare. Direção de Daniela Stirbulov. De sexta a domingo, até 14/12, no Tucarena (volta em 2026, de 29/01 a 01/03, de quinta à sábado). De 22 a 25 de janeiro, haverá sessões especiais no BTG Pactual Hall. Ingressos à venda no Sympla.
O Mercador de Veneza foi escrita entre 1596 e 1598, período cultural, social e economicamente efervescente na Inglaterra elisabetana. Também era um tempo marcado por forte antissemitismo no teatro e na literatura, apesar de os judeus estarem oficialmente banidos do país há mais de duzentos anos.
O Mercador de Veneza surge como contraponto a uma peça escrita por Christopher Marlowe, rival de Shakespeare, alguns anos antes. A peça, O Judeu de Malta, apresentava o personagem-título como uma figura gananciosa, cruel e vingativa, um vilão absoluto, cuja destruição é um triunfo moral. Por outro lado, Shylock (Dan Stulbach), o judeu de Shakespeare, é mais complexo, ambíguo e sensível às humilhações que sofre, especialmente por parte de Antônio (César Baccan), rico mercador da cidade de Veneza. Ao cobrar de Antônio uma libra de sua carne como multa pelo não pagamento de uma dívida, Shylock mostra-se cruel e vingativo, mas também humano, o que era negado aos judeus naquela época, tanto na ficção como na vida real.
A montagem em cartaz no Tucarena atualiza a peça, trazendo-a para dentro de um ambiente moderno de negócios: a bolsa de valores, lugar de especulação por excelência. Dan Stulbach confere humor ao seu Shylock. Por isso, quando ele sai destruído do tribunal onde perde a causa e quase toda a sua fortuna e bens, é difícil não se apiedar dele.
Direção criativa e elenco afinado fazem deste espetáculo um grande sucesso: sessões lotadas até o fim do ano. É preciso destacar Gabriela Westphal como Porcia e o juiz Baltasar, duas ótimas construções de personagem. O Mercador de Veneza continua atual. Não perca.
Carlos Antonio Rahal

Dan Stulbach é da turma 41 (1989) da EAD. No elenco também está Thiago Sak, da turma 70 da EAD (2018). André Voulgaris, responsável pelo Vídeo e pelas Imagens, é da turma de Audiovisual 2016.

FICHA TÉCNICA
Texto: William Shakespeare
Direção: Daniela Stirbulov
Tradução, adaptação e assistência de direção: Bruno Cavalcanti
Elenco: Dan Stulbach (Shylock), Augusto Pompeo (Duque), Amaurih Oliveira (Lorenzo e Príncipe de Marrocos), Cesar Baccan (Antônio), Gabriela Westphal (Pórcia), Júnior Cabral (Graciano), Marcelo Diaz (Lancelotte Gobbo), Marcelo Ullmann (Bassânio), Marisol Marcondes (Jéssica), Rebeca Oliveira (Nerissa), Renato Caldas (Solânio e Tubal) e Thiago Sak (Salarino e Príncipe de Aragão)
Cenografia: Carmem Guerra
Cenotécnico: Douglas Caldas
Desenho de Luz: Wagner Pinto e Gabriel Greghi
Figurino e Visagismo: Allan Ferc
Assistente de Figurino: Denise Evangelista
Peruqueiros: Dhiego Durso e Raquel Reis
Direção de Movimento: Marisol Marcondes
Aderecista: Rebeca Oliveira
Baterista: Caroline Calê
Consultoria sobre Shakespeare: Ricardo Cardoso
Vídeo e Imagem: André Voulgaris
Fotos: Ronaldo Gutierrez
Design gráfico: Rafael Oliveira Branco
Operação de Luz: Jorge Leal
Operação de Som: Eder Sousa
Assistente de Produção: Amanda Nolleto
Produção Executiva: Raquel Murano
Direção de Produção: Cesar Baccan e Marcelo Ullmann
Produção: Kavaná Produções e Baccan Produções

Carlos Antonio Rahal, ator e diretor, é graduado em Publicidade e Propaganda pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (turma 1983), mestre (2000) e doutor (2007) em Artes Cênicas também pela ECA-USP.


